26.8.10

ZONA POLÍTICA

Horário político na TV me irrita. Depois de mulher que fala usando gíria o que mais me irrita é horário político gratuito. Em que na verdadeira contradição custa uma fortuna cada minuto.

Deparando-se com qualquer candidato ele sempre vem nos chamando de “amigo”, “irmão”, “companheiro” e quando pretende te comprar sendo o seu preço alto te chama de “caro amigo”. Alias, essa é uma das raras vezes em que mesmo o político não sendo evangélico o sujeito nos chama de “irmão”. Nunca me chamaram como tal, mas se viesse a acontecer eu ficaria muito puto. Na base, se sou seu “irmão”, de forma direta ele estaria insinuando que sou um filha da puta.

Os políticos aparecem sempre rindo nos seus cartazes e santinhos. Sorridentes. Isso é uma prova de que eles não são a cara do povo como tanto alegam ser. Se fossem realmente a cara do povo, para começar, suas fotos deveriam ser tristes, com olhos lacrimejando. De fato, essa sim, é a verdadeira cara do povo. Sou sensível e poderia me emocionar fácil. Dai, quem sabe, dessa forma teriam meu voto. Claro, se não soubesse dessa possível trama.

E é engraçado que as frases em destaque dos candidatos é quase sempre a mesma coisa: “Ele é do povo”, “O povo é com ele”, “A cara do povo.” É como se a palavra “povo” fosse fundamental para se candidatar na política. “Tudo bem que esta tudo em ordem com seus direitos. Mas o que realmente importa é sua frase. Tem ‘povo’ nela sim ou não?”

E as músicas? Pegam na maioria das vezes aquela que ta fazendo sucesso e a transformam na sua canção. Ainda bem que “Creu” não saiu na mídia nessa época de eleições. Já imaginou como seria: “Para votar no Zé tem que ser cidadão. Para votar no Zé tem que ser da irmandade. Porque votar nele é mole sim. Preciso te dizer que são cinco dígitos. Velocidade um, hem. Uuuuuuum, quaaaaatroo, treeeeês, doooois, uuuuuuuuuum… Velocidade cinco: Um, quatro, três, dois, um. Um, quatro, três, dois, um. Um, quatro, três, dois, um.” A letra pode até não esta no seu formato original. Mas fica na nossa consciência que o sentido dela é fuder. Ou para ser mais transparente: nos fuder.

Político em época de eleição é o melhor amigo do cidadão. Aperta a mão, abraça, em seguida da um beijo e no fim pergunta: “Ta comigo, não ta?” Essa raça é mais interesseira que mulher atrás de artista. E, como quem esta no poder é o reflexo da sociedade ela acaba respondendo da seguinte forma: “É claro que estou contigo… Desde que me arrume uma cesta básica.”

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